Diante do dinamismo dos acontecimentos do nosso FABR, uma das perguntas mais recorrentes é ‘’Como chegamos até aqui?’’. Para todos os lados, temos Notas Oficiais, versões e senhores cheios de razões, resistências a assumir erros e egos inflados por títulos quase que monárquicos.
Pois bem: imagine que você está andando por uma cidade desconhecida e dois caminhos lhe aparecem pela frente: uma rua bem clara, cheia de pessoas e um pedágio. Esse caminho é bem mais longo que a nossa segunda opção, uma viela estreita, escura e cheia de pessoas sentadas nas sombras: nosso segundo caminho é mais curto. Fique com isso na cabeça!
Muito se fala sobre a palavra gestão hoje em dia, um grande número de pessoas se diz ‘’gestores’’ de times, Confederações e Federações, mas… como chegamos a esse resultado? Antes de falar sobre os tais ‘’donos de time’’ vamos pensar primeiro em quem são as equipes, elas estão fundadas legalmente (CNPJ, Registros e patentes)? Se sim, quais? Quantas? Como funciona a eleição para presidente dessas equipes? Será que existe eleição ou uma pessoa é dona e sempre será (Clube-empresa). Quantas federações existem hoje no FABr?
A partir de agora a palavra existir significa existir de verdade, legalmente, e não apenas com páginas em redes sociais, notas oficiais e presidentes que ninguém sabe como chegaram lá. Fica a reflexão que o mundo do FA não está acima das leis desportivas brasileiras, não está hoje e nunca estará.
O caminho é simples, mas quase nunca claro, aberto e transparente. Pessoas fundam equipes e dois caminhos podem ser seguidos: Associação Esportiva sem fins lucrativos ou uma Empresa é aberta (com fins lucrativos). No primeiro caso, todos os documentos devem estar disponíveis para consulta, todos os atletas devem ter filiação à Associação, que determina através de estatuto quais são os cargos e quem tem direito a voto. Tudo isso de maneira aberta e clara.
Já no segundo caso, a Empresa não precisa ter todos os documentos abertos à consulta pública (deveria, por boa governança), mas não é obrigatório. Os jogadores que atuam por um Clube-Empresa devem assinar contrato. O que consta no mesmo é algo exclusivo entre o jogador e a Empresa.
Fica a questão: como está a situação do seu time quanto nestes cenários?
Times devidamente legalizados e regularizados fundam Federações Estaduais; já no caso da Federação tudo, absolutamente tudo deve ser documentado e estar disponível para consulta pública. As federações não tem o direito de barrar equipes desde que as mesmas atendam aos requisitos mínimos pedidos por ela em seu estatuto. Repito: Federações não podem barrar equipes de seus campeonatos, não importa quão grande for a briga política entre os envolvidos.
Para ‘’driblar’’ esse problema, surgem as Ligas Privadas, que não tem responsabilidade alguma com o desenvolvimento do esporte, são empresas com fins lucrativos, de capital fechado, com donos e, mais uma vez, não precisam explicar tudo que fazem (mas deveriam). A Liga cria seu próprio termo de filiação: TODOS os times que desejam disputar devem assinar um contrato antes do campeonato começar, onde consta todas as liberdades que a Liga terá sobre seus participantes. Cientes de tudo que pode acontecer, os times assinam esse contrato, se for interessante.
Mais uma vez: como está a situação do seu estado quanto a isso?
Federações Estaduais, devidamente regularizadas, fundam a Confederação Brasileira de alguma coisa. Esse processo, mais uma vez, deve ser totalmente claro e aberto, disponível para consulta pública a qualquer momento. Quanto menos clareza na maneira de eleições, direito a voto e termos de filiação, menor é a chance de sucesso desses órgãos e mais pessoas com influências negativas podem se aproximar.
Se não existe regulação em nenhum desses três, não existe Gestão; se não se tem clareza, perde-se a validade de regras e gostos pessoais tornam-se o parâmetro para condução do Esporte.
Convido a todos agora a lembrar do começo do texto: por qual caminho segue o FABr? Estamos de acordo com o que é claro e legal?
Precisamos urgentemente sair do sistema feudal onde temos reis e vassalos, feudos (times) e servos (jogadores) brigam entre si. Através da fundação legal de time e Federações é que o FA conseguirá crescer de maneira clara e todas as decisões ganharão robustez.
Tomar lados nesse momento onde estamos debatendo o resultado de um acontecimento nos faz não olhar como chegamos até aqui e onde foi que viramos na viela errada.
Rossetti, visto que nos EUA é completamente o contrário do que você acredita (eu também), aonde times têm donos e as universidades são “donas” dos times, qual a sua interpretação sobre isso?
Oi Leonardo , obrigado pela mensagem !
O Modelo de vida americano é totalmente diferente do Brasileiro e isso não muda quando falamos de Esporte, existe todo um complexo denso e setorizado esportivo lá, o processo deles de formação e fomento é totalmente diferente do nosso. O que pouca gente sabe é que as universidades tem um % dos atletas bancados por doação de pessoas normais, que o governo entra apenas com a infraestrutura nos níveis menores e lá a NCAA é um órgão regulamentador que é lotado de processos claros de como se fazer alguma coisa, na NFL idem a boa governança é um fator primário americano, entregar um bom produto também. Nós no Brasil não gostamos de abrir nossas contas, de falar sobre processos e quando vamos ao mercado procuramos o produto ” mais em conta” sem nem se quer saber a origem, o meio de produção e a qualidade dele
Espero que tenha entendido hehehe !
Forte abraço
O melhor é o caminho da legalidade, é longo e cansativo, sem passar por este caminho, não se chegará a Federação, ligas estaduais, e ligas municipais. Fora isto falta uma coisa mais importante, localização dos times, quem não existe no mundo jurídico, não existe na realidade. Primeiro passo levantamento dos times legalizado ou não, legalizar os que faltam, e dar passos para criar a Federação, daí e só dar apoio para baixo….
Sim ! Sem a legalidade jurídica e a forma de processos administrativos claros, não existe boa intenção que salve os times hehehe !
O Pessoal usa a frase ” Eu faço por amor” como escudo para não legalizar
Temos que cobrar cada vez mais das pessoas documentos !
Rossetti,
Essa frase escudo “Eu faço por amor” teria um sentido de saudosismo ou mais de se esquivar das responsabilidades e ônus de se regulamentar e documentar como você afirma? Outra questão. Você acredita que no futuro as esquipes de FA no Brasil reproduziram a lógica empresarial dos times de FA norte americanos? Você percebe um desejo das equipes em reproduzir a lógica administrativa dos times de lá?
Pesquiso sobre o futebol americano pela UFPR, desenvolvo uma tese na linha de pesquisa em Sociologia do Esporte. Suas respostas contribuirão para o início de minha pesquisa. Desde já agradeço as suas contribuições!
Igor Bueno