Futebol americano e flag em São Paulo: do Ibirapuera ao estádio em 20 anos

Documentário do jornalista André Martins descreve o nascimento e desenvolvimento do futebol americano e do flag football em São Paulo Foto: André Martins

Faz pouco mais de duas décadas que o futebol americano (FA) é praticado, com registros, na cidade de São Paulo. Se compararmos esse tempo com a idade de outros esportes, percebemos que a modalidade ainda mal deixou de engatinhar. Ao mesmo tempo, a evolução nesse período em termos de crescimento e organização já evidencia um futuro promissor.

Mas como tudo começou e quais foram as etapas desse processo até chegar nos dias atuais?

Foi a partir de questionamentos como esses que o documentário ‘Sampa Football: O Outro Futebol em SP’ ganhou vida como Trabalho de Conclusão de Curso. Com base no depoimento de nove personagens que estiveram diretamente ligados nessa história, o filme narra a trajetória do esporte e seus principais acontecimentos na capital paulistana.

O começo da linha do tempo

Mas antes de ser praticado de fato na cidade, o FA passou por um período em que era basicamente só era assistido por meio de telas. Isso porque o Brasil registrou as primeiras transmissões de jogos da NFL somente em 1969. Além disso, levaram mais alguns anos para o esporte ganhar um pouco mais de força na televisão, em meados da década de 80.

Até que, em 1999, três professores de Educação Física começaram a implementar a modalidade flag football, com contato atenuado, em escolas paulistanas. Com o sucesso inicial, a prática seguiu para um espaço maior, tendo como palco a Praça da Paz, no Parque do Ibirapuera. Esse foi, inclusive, um dos embriões do flag no país.

O local em questão foi definido pela posição central no município e pela disponibilidade de espaço, já que campos específicos (ou mesmo livres) ainda são raridade nesse esporte até os dias atuais. Assim, reunidos nos finais de semana, os primeiros praticantes acabaram chamando a atenção de quem estava passeando e começaram a reunir cada vez mais adeptos.

Então, desde o início dos anos 2000, o FA começou a se disseminar e viu a formação das primeiras equipes, entidades e competições. Depois do Ibirapuera, a prática expandiu contornos por campos e praças esportivas de toda a cidade, avançando também para o interior. Eram os primórdios de um caminho, felizmente, que veio para ficar.

O meio

Com o passar dos anos, outros fatores foram se somando à equação paulistana do FA. Como a chegada dos equipamentos, a entrada da “marca” de clubes de futebol e a realização de novos campeonatos, como o ‘Torneio de Seleções’. A partir desses marcos, as modalidades flag football e full pads, mesmo compartilhando a essência do esporte, passaram e trilhar caminhos próprios.

A partir da década de 2010, com a prática já estabelecida, o esporte foi se desenvolvendo de maneira um pouco mais profissional. Mas ainda sem atingir tal nível de organização e sustentabilidade justamente porque o FA ainda encontra dificuldades para se incorporar à (mono)cultura esportiva brasileira. Sem o mesmo prestígio de seu “primo”, o futebol, a modalidade sempre sofreu com o amadorismo, possuindo uma realidade financeira que pode ser resumida a atletas recorrendo sempre ao próprio bolso.

O agora (e o futuro)

Mais recentemente, quando o FA estava ganhando outros holofotes e somando avanços, veio a pandemia de covid-19 que acabou freando o esporte em São Paulo – e no país. Os impactos entre os praticantes, que levam vida dupla para se manterem na modalidade, fizeram com que muitas “aposentadorias” fossem forçadas.

Desde o segundo semestre do ano passado, no entanto, o esporte começou a voltar após cerca de um ano e meio de paralisação. E acena para o futuro, agora, com indícios positivos.

Um dos motivos é a construção do Complexo Esportivo voltado exclusivamente para o FA. O projeto, inicialmente, foi aprovado para ser construído no Parque Ecológico do Tietê, mas burocracias ambientais fizeram com que o local fosse alterado para um bairro de Guarulhos. Apesar dos imprevistos, será o primeiro estádio específico para o esporte no Brasil e promete ser uma referência para São Paulo e região.

Além disso, outro fator otimista é a grande possibilidade de o flag football se tornar olímpico a partir dos Jogos de 2028. Esse reconhecimento elevaria o status da modalidade, podendo significar maiores investimentos, principalmente em categorias de base. Como consequência, todo esse processo pode refletir em uma maior evolução para o esporte.

O registro

Dividido em duas partes, este documentário traça a linha do tempo da prática do futebol americano em São Paulo, passeando por alguns dos principais acontecimentos que possibilitaram esse crescimento. Diante de uma escassa literatura acadêmica sobre o tema, a produção realizada como Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) convida os espectadores para mergulharem na história de um esporte que cresce cada vez mais a cada dia.

Parte 1

Parte 2

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